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terça-feira, setembro 04, 2007

Muitos dos cursos de engenharia são “marketing puro”

O Bastonário da Ordem dos Engenheiros criticou ontem a proliferação dos cursos de engenharia em Portugal nos últimos anos e defendeu a sua redução em cerca de 80 por cento.

Nos últimos anos “foram--se abrindo cursos em escolas por questões económicas, de negócio, de tudo e mais alguma coisa e, no fundo, a Ordem dos Engenheiros o que teve de fazer até hoje foi substituir o Estado através de um sistema de acreditação”. Para Fernando Santo, este é um problema “grave” porque o país “deixou durante muitos anos, em rota livre, o ensino superior”.
A título de exemplo, o bastonário da Ordem dos Engenheiros referiu que, dos actuais 314, “não faz sentido existirem mais de 60/70 cursos de engenharia”. Aliás – frisou – existem “cursos que têm três designações mas são um três em um, para enganar as pessoas”. “Muitos dos nomes são marketing puro”, lamentou.
De acordo com Fenando Santo, nem o Processo de Bolonha nem a vontade dos reitores em uniformizar as designações, solucionaram este problema porque não houve “apoio político”.
Um dos grandes desafios do Estado para esta área será, de acordo com este responsável, a implementação de um sistema de acreditação de cursos superiores de engenharia, através da futura Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, desde que mantenha os “níveis de exigência internacionais”. E se assim for, vai perceber-se que “há cursos que deveriam ser fechados, não deveriam existir, porque não têm o mínimo de qualidade”.
“A agência vai ter essa grande responsabilidade de assumir que aqueles cursos não têm o nível de qualidade que deveriam ter sob padrões internacionais. Depois terá de haver uma decisão política de encerramento desses cursos, ou de algumas escolas, ou de fusão de escolas”, defendeu. Fernando Santo espera que o grau de exigência da agência seja elevado porque só assim o Estado poderá, “finalmente, assumir o seu papel”. “Se não o fizer acho que Portugal corre o risco grave de ter pessoas em exercício da profissão que não têm competências viradas para o interesse público”, afirmou.
O bastonário falava ontem aos jornalistas na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), onde participou na sessão de abertura da Conferência Internacional sobre o Ensino da Engenharia.
Cerca de meio milhar de cientistas, professores e profissionais desta área, provenientes de 57 países, estão reunidos, até ao próximo dia 7, no auditório do edifício central da FCTUC para discutir os desafios que se colocam à investigação, qualidade e acreditação na educação neste domínio, as novas metodologias e ferramentas do ensino, as parcerias globais e a redescoberta dos fundamentos da engenharia.
A educação para a engenharia é, também, um tema que tem vindo a assumir cada vez mais importância os últimos anos. Porque, contrariamente ao que acontecia há 20 ou 30 anos, actualmente, o desafio é “tentar aprender como é que se ensina com eficácia a pessoas que vão ter que aprender muitas coisas diferentes ao longo da sua vida útil”, salientou João Gabriel Silva, presidente dos conselhos directivo e executivo da FCTUC.
Notícia retirada do Diário As Beiras

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