"Os alunos que concluam o 1º ciclo dos cursos adaptados ao Processo de Bolonha poderão candidatar-se à Ordem dos Engenheiros (OE). Entre as propostas apresentadas ao Governo pelo bastonário da Ordem está ainda a criação de dois graus de engenheiros, de acordo com a formação.
Os “futuros engenheiros” que terminem a licenciatura ao fim de três anos, de acordo com o Processo de Bolonha, poderão vir a fazer parte da Ordem dos Engenheiros (OE). A proposta foi apresentada ontem pelo bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando Santo, ao Governo. “Esta decisão surge da vontade manifestada por muitos alunos. A Ordem tem de estar atenta às necessidades dos estudantes e não vai criar barreiras aos futuros licenciados”, salienta o bastonário ao Canal UP.
Ricardo Barros, da Federação Nacional de Estudantes de Engenharia Civil (FNEEC) diz-se surpreendido com esta decisão da Ordem, mas admite que pode ser positiva. “Penso que é uma situação que vai de encontro ao objectivo do Processo de Bolonha de, por um lado, uniformizar e, por outro, permitir que as universidades europeias lancem mais cedo os licenciados para o mercado de trabalho. Pode também ser uma forma de incentivo aos alunos para completarem o 2º ciclo das licenciaturas”, admite o dirigente da FNEEC.
Actualmente, são aceites na Ordem os licenciados em cursos de Engenharia com formação anterior à reforma de Bolonha e os futuros mestres pós-Bolonha, com uma formação de cinco anos, de instituições de ensino reconhecidas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES).
A entrada na Ordem dos Engenheiros pode acontecer de forma directa, para alunos com formação em instituições de ensino acreditadas pela Ordem, ou mediante a prestação de provas de admissão.
A alteração dos estatutos de admissão à Ordem tem por objectivo integrar os profissionais com formação superior em Engenharia. Para tal, a associação profissional defende dois graus distintos de engenheiros, de acordo com as diferentes formações e competências. Os licenciados com formação de cinco anos, adquirida antes ou depois de Bolonha, teriam o título de engenheiro e aos de três anos seria atribuída outra designação, que ainda não está definida.
Ordem dos Engenheiros acredita 105 cursos em Portugal
Portugal é o único país da Europa com 314 cursos de Engenharia. O bastonário da Ordem dos Engenheiros considera esta situação “incompreensível”. Por cá, a Ordem reconhece 105 cursos, desde a Engenharia Civil à Electromecânica, Têxtil ou Agronómica. A lista dos cursos acreditados pode ser consultada no site da Ordem dos Engenheiros.
“Não significa que nas privadas não haja bons cursos, o que acontece é que há mais doutorados nas públicas, os docentes têm contratos mais estáveis do que nas privadas e o próprio mercado diferencia isso. Ficaria muito satisfeito se todos os cursos de Engenharia estivessem acreditados”, refere o bastonário da OE.
Além do corpo docente, os investimentos em laboratórios, as instalações e as notas mínimas de acesso ao Ensino Superior são alguns dos factores avaliados no processo de acreditação das escolas.
Ricardo Barros considera que a acreditação pode ser “injusta”, mas é “necessária”. “Penso que a diferenciação é positiva porque, como se sabe, nem todos os cursos a nível nacional têm a mesma dificuldade e há cursos bons e maus. Estamos a beneficiar a qualidade, as valências e as condições”, sublinha o membro da FNEEC.
O bastonário da Ordem dos Engenheiros diz que não se trata de uma discriminação negativa, mas sim positiva. “Queremos melhorar o ensino e a acreditação obriga a maiores investimentos por parte das escolas. Além disso, os próprios responsáveis das instituições de Ensino Superior reconhecem que este sistema é útil para corrigir eventuais falhas”, ressalva Fernando Santo.
Em conjunto com 20 associações de Engenharia europeias, a Ordem dos Engenheiros criou já uma entidade para definir os critérios das agências nacionais de avaliação (ENAEE) para o primeiro e segundo ciclos de Engenharia. "
Notícia retirada do site do canal UP - Universidade e Politécnicos
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