Evitar cheias nos Fornos custará um milhão de euros
A chuva caiu com intensidade anormal, mas a deficiência das condições de drenagem na Rua de Alcorredores (Fornos) ou na passagem sob a EN-1 e IC-2 foram as grandes responsáveis pelas cheias na zona norte do Coimbra. Um relatório aponta medidas imediatas para evitar nova catástrofeUm milhão de euros. É quanto é necessário no imediato para evitar que se repita na zona dos Fornos o cenário de cheias e destruição a que se assistiu aquando das fortes chuvadas ocorridas na madrugada de 25 de Outubro do ano passado. O valor, assim como um conjunto de medidas imediatas e a curto/médio prazo que lhe estão associadas, foram avançados num estudo, liderado por Alfeu Marques, docente no Departamento de Engenharia Civil da FCTUC, que caracteriza as condições de drenagem pluvial da zona da Rua de Alcorredores, nos Fornos, e as passagens hidráulicas sob a antiga nacional EN-1 e sob o IC-2. É certo que, revela o documento, a intensidade de chuva que caiu naquela madrugada só ocorre num período da ordem dos 20 a 50 anos (de acordo com informações recolhidas no posto estação udográfica da ERSUC, às 2h30 o valor máximo de pluviosidade acumulado foi de 36,76 milímetros), mas também não há dúvidas para os autores do relatório, apresentado na última reunião do executivo, da existência de deficiências técnicas no sistema de drenagem da referida rua, na capacidade de escoamento das passagens sobre a EN-1 e IC-2 e na Linha do Norte que é necessário alterar.«O sistema de valetas e passagens hidráulicas encontra-se completamente desorganizado» [as manilhas a jusante são mais estreitas do que as a montante], refere o relatório, adiantando que há linhas de água – que fazem parte da ribeira dos Fornos – a drenar para a Rua dos Alcorredores, «uma vez que as linhas de águas naturais foram interrompidas».Juntou-se, na madrugada do dia 25, o facto de o aqueduto e o canal não terem conseguido escoar o caudal de água (de cerca de 11 metros cúbicos por segundo) que se juntou na zona dos Fornos, acabando por fazê-lo para aquela artéria. As consequências foram noticiadas na altura. O relatório recorda, por exemplo, a entrada violenta das águas «no portão de entrada de uma propriedade, derrubando o mudo de vedação para o interior da vala paralela à linha do Norte».A situação continuou dramática junto às passagens hidráulicas sob a EN-1 e sob o IC-2.
«Face à deficiente capacidade de vazão destas, ocorreu uma onda no sentido contrário ao escoamento», refere o documento, adiantando que «os estrangulamentos referidos são razão para que a cota de inundação verificada seja da ordem dos 18 metros». A equipa de Alfeu Marques aponta como das medidas imediatas o «aumento da capacidade de escoamento das passagens sob a EN-1 e sob o IC-2, que garantam uma vazão de um caudal com um tempo de ocorrência superior aos 100 anos», estimando que tais trabalhos possam vir a custar cerca de 500 mil euros.Junta-se a execução de um canal de betão, paralelo à linha do Norte (com um custo de 150 mil euros); de um novo sistema de drenagem para a Rua dos Alcorredores (um investimento de cerca de 250 mil euros); de um novo canal em betão, a reconstrução do aqueduto e a construção de uma nova passagem, a montante da artéria (com um custo de 100 mil euros).
Tudo num total de um milhão de euros, só para trabalhos de execução imediata. Levantamento topo-batimétrico da ribeira de Fornos e da Espertina; eliminação dos aterros clandestinos destas linhas de água ou o desenvolvimento e construção de um modelo hidrológico e hidráulico da ribeira de Fornos e da Espertina são apenas algumas das medidas a curto/médio prazo apontadas pelo estudo, solicitado pela Câmara Municipal de Coimbra e Águas de Coimbra. O Diário de Coimbra tentou falar com Ricardo Rodrigues, presidente da Junta de Freguesia de Vilela, para saber se já tinha indicação se e quando irão realizar-se os trabalhos propostos no âmbito deste estudo - imputados a diferentes entidades - mas tal revelou-se impossível.Loteamento industrial exige atenção Para além das medidas referidas, o relatório - que tem as assinaturas de Joaquim Sousa e Nuno Simões, além da de Alfeu Marques - refere-se à necessidade de estar atento a um loteamento industrial – Parques do Mondego – que está previsto para Trouxemil, «nas bacias em estudo» e que, «pela sua dimensão (30 hectares), será de grande significado». De acordo com o documento, o sistema de drenagem daquela infra-estrutura «conduzirá os caudais por uma canalização para a Ribeira de Fornos».Mesmo com Estudo de Impacte Ambiental e aprovação da Avaliação de Impacto Ambiental, por despacho do secretário de Estado do Ambiente, os responsáveis pelo estudo consideram que «não está garantida e muito menos assegurada a capacidade de vazão» na ribeira de Fornos e «ainda menos a jusante (…) nas passagens hidráulicas da EN-1 e do IC-2».
Notícia retirada do Diário de Coimbra
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